
Obi-Wan ganha o apelido de Billy Willy
Depois da castração o Obi-Wan se adaptou perfeitamente à gangue.
Naturalmente fez sua parceria com Guaraná e estavam sempre brincando, correndo e fazendo a maior bagunça pro terror das fêmeas. O Guaraná sempre foi o alfa, por isso Obi-Wan nunca brigou ou aporrinhou qualquer outro gato. Ele sempre se manteve na dele. Aliás, Guaraná nitidamente mostrava seu lugar com o Obi-Wan dominando-o e só deixando o Obi brincar com as coisas depois que ele se cansava, mas falar sobre a interação dos gatos não é o foco.
O corpo do Obi-Wan tinha uma coisa esquisita.
Mesmo pensando que apetite de mendigo dele seria a causa, ele fazia placas grandes de gordura e parecia que a sua pele não tinha colágeno, era meio flácida até mesmo nas patas. Ele não fazia aquela pancinha pendurada típica de castrados. Ele tinha uma barrigona dura e com gordura concentrada em diversos pontos. Isso, obviamente, intrigava a todos e a veterinária fez diversos exames, mas não apontava para nada. Ele aparentava ter o fígado e pâncreas normais e nada de errado no hemograma comum.
A única coisa anormal era(e ainda é): Obi-Wan não faz coco na caixinha de areia. Ele faz o xixi, mas o coco ele faz do lado da caixa, no chão. E tirando esse comportamento, nunca demonstrou nada de incomum com relação a esse contexto.
Outro detalhe sobre o Obi-Wan, ele tem uma doença auto-imune nas gengivas. Fizemos uma limpeza de tártaro na época da castração e melhorou bastante o bafo de morte e aparência, mas fizemos um tratamento para as gengivas desinflamarem e os machucados cicatrizarem. Estávamos sempre monitorando e de vez em quando rolava um Perioxidin(gel dentário neutro cicatrizante para pós-operatório). Mas nunca precisamos medicá-lo de novo com relação as gengivas, só quando ele chegou, porque estavam bem inflamadas.

Em outubro de 2010 tirei algumas fotos dele para a veterinária mostrar para outros veterinários afim de tentar encontrar uma possível solução para suas placas de gordura:

Nessa época Obi-Wan estava super obeso e pesava 7,7kg.
Foi aí que ele virou o Billy Willy, por conta do Free Willy. Ele parecia uma batata com palitinhos enfiados.
Depois da veterinária mostrar as fotos para outros colegas, ela nos disse que ainda iria ver outras possibilidades, mas que estávamos ficando sem saída e teríamos que testar para FIV e FeLV em breve.
Bem, quando fizemos o teste, deu positivo pras 2 doenças.
Na época decidimos que não iríamos isola-lo, porque isso seria a maior maldade da história. Ele e o Guaraná eram dupla sertaneja que viviam juntos. Decidimos arriscar mesmo.
Decidimos também não vacinarmos os outros com a quíntupla, vacina que previne 85% da chance de contrair a FeLV, pois muitos estudos mostram que pode desenvolver sarcoma aonde é aplicada. Mas a verdade é que a vacina é mais cara e, oi, teríamos que vacinar 5 gatos, sem o Obi incluso.
O exame de sangue mostrou que o Obi era portador do vírus da FeLV, mas que de ainda não tinha a doença. Isso era promissor dentro do cenário de uma doença viral incurável.
Na mesma época, meados de novembro, vi que tinha um pedido de doação de sangue para uma gatinha que tinha uma doença na medula que não produzia mais sangue. Decidi que iria levar o Guaraná, afinal o que me custava? Eu tinha um gato super dócil e ultra saudável em casa. Eu só pensava que eu poderia estar no lugar dessa proprietária e assim conheci Adriana Schnoor(o que foi um prazer enorme, porque é um ser humano incrivelmente sensacional).
Para o Guaraná doar sangue era necessário fazer os testes de FIV e FeLV e de compatibilidade com o sangue da Matilda, gatinha da Adriana que precisa do sangue.
E fiquei mega aliviada quando os testes das doenças deram negativos e de compatibilidade positivo. Guaraná não tinha FIV nem FeLV e conseguiu ajudar a Matilda.
Voltei pra casa confiante de que a saúde do Guaraná era de ferro e esse vírus do Obi não estava tão potente.
Não demorou muito para a primeira crise da FeLV acontecer, foi em dezembro e de repente.
Obi-Wan acordou num sábado e não se mexeu para absolutamente nada. Ficou o dia inteiro deitadinho de lado. A prova maior de que tinha algo muito errado é que colocamos comida nova e ele não moveu nem a orelha com o som dos grãos caindo no potinho, o que normalmente era um som mágico que ele quase derrubava quem estava colocando, miando loucamente que nem um refugiado afegão morto de fome.
No fim do dia, depois de um analgésico por conta da febre, ele voltou a se mexer, mas só no dia seguinte é que ele ficou bem de verdade.
Depois disso aceitamos realmente que tínhamos um gato cronicamente doente e que deveríamos mudar algumas coisas nas nossas rotinas. Trocamos as águas com mais frequência e lavamos sempre que pudemos os potinhos. Começamos a dar o Interferon com regularidade conforme prescrito e nunca deixamos de dar. (Não sabemos se tem algo de fato a ver, mas depois do Interferon aquelas placas de gordura sumiram e sua pele ficou normal.)
E ele ficou 100% bem.
Até novembro de 2012, ano passado. Mas pra falar dessa crise preciso de um post inteiro.
